NOTA DA DIRETORIA DA ADUFERPE SOBRE A PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS

Contra o aumento dos preços dos combustíveis, contra a intervenção militar e pela liberdade de organização e manifestação dos caminhoneiros por melhores condições de trabalho e vida digna.

Após dois anos do Golpe, o governo usurpador de Michel Temer levou o Brasil a uma crise econômica, política e institucional sem igual, com ameaças à soberania nacional, redução de salários, aumento do desemprego, da miséria, da fome e da carestia.

Nos últimos dias, a crise foi gravemente acentuada com a eclosão do movimento dos caminhoneiros, contrário aos irresponsáveis e sistemáticos aumentos no preço do óleo diesel, decorrente da lógica neoliberal e política entreguista do governo, com Pedro Parente (PSDB) à frente da Petrobras.

O desgoverno golpista, na sua tarefa mercadista de destruição e posterior venda a preço vil da Petrobras, primeiro alterou o modelo regulador da exploração do petróleo no Brasil e, agora, ao atrelar o preço da gasolina e do diesel à variação diária do preço internacional do barril de petróleo e do dólar, joga nas costas dos trabalhadores caminhoneiros e da maioria da população brasileira o ônus de uma escalada geral de aumento de preços, sem igual na nossa história recente.

O governo ilegítimo, pressionado pela grave crise de abastecimento, tenta finalizar a paralisação em reunião com supostos representantes do movimento, chegando a um acordo pífio. O acordo “firmado” como uma súplica de trégua, aponta para a redução por 30 dias em 10% no preço do diesel, prometendo periodicidade de 30 dias para reajustes do combustível nas refinarias. Como resultado, o movimento recrudesceu, não atendendo aos caminhoneiros, que não se viram representados em tal acerto. De lá para cá, assistimos a crise se agravar e o golpista Michel Temer, não bastando a incompetência em negociar, decretou o uso da força militar contra os caminhoneiros, alegando garantia da lei e da ordem (GLO).

É importante dizer que o acordo não só não atende às reivindicações dos caminhoneiros como não atinge o centro da questão, a política de preços na Petrobras, nem se estende a outros combustíveis essenciais como gasolina, etanol e gás de cozinha. Ainda por cima, a proposta acordada implica num ônus aos cofres públicos estimado em R$ 350 milhões/mês, que compensa a redução no preço do diesel, mantendo os já altos lucros dos acionistas. O que defendemos é que o governo mude a política de preços de combustíveis adotada depois do Golpe, a qual acompanha as cotações do petróleo e do dólar no mercado internacional, atendendo interesses únicos dos acionistas e de multinacionais interessadas na compra de plantas industriais da Petrobras e na concessão de exploração do nosso petróleo, com foco no pré-sal.

Não obstante a legitimidade das reivindicações, percebe-se grande heterogeneidade nos interesses congregados na paralisação, os quais envolvem três atores: o caminhoneiro autônomo, entidades que negociam em nome dos caminhoneiros e os empresários de transporte (locaute). Neste sentido, é necessário apoiar as justas demandas do movimento, no entanto é preciso cautela, evitando dar voz a oportunismos que sigam pela via da direita neoliberal ou mesmo extrema direita, com apelos à intervenção militar. É fundamental que o movimento seja orientado para a real defesa da classe trabalhadora e que se busque a conscientização dos trabalhadores vitimados a lutarem pela democracia e soberania nacional.

A Diretoria da Aduferpe coloca-se contra a política de destruição ou privatização da Petrobras bem como contra a escalada de aumentos dos combustíveis, reafirma sua posição pelo reestabelecimento da democracia em nosso país, para que possamos ter um governo legitimado pela vontade do povo nas urnas, capaz de reverter todos os ataques desferidos pelos golpistas contra os direitos da classe trabalhadora.

Contra o aumento dos preços dos combustíveis!

Fora Pedro Parente!

Pelo nosso petróleo e por uma Petrobras 100% pública e estatal!

Contra o uso da força militar!

Pela defesa da soberania nacional!

Por eleições democráticas!

 

Atenciosamente,

A Diretoria

 

 

Artigo anteriorAduferpe excepcionalmente sem expediente no dia 24 de maio de 2018
Próximo artigoNOTA DA DIRETORIA DA ADUFERPE EM APOIO À GREVE DOS PETROLEIROS