O papel estratégico da grande mídia no golpe de 2016

O Papel das Mídias na Construção do Golpe de 2016 e a Resistência das Mídias Alternativas foram os temas do 11º Encontro do Curso O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil, realizado pelo Deciso com o apoio da Aduferpe. A aula foi ministrada pelo professor da UFRPE, Júlio Vila Nova, e seus convidados. Júlio fez uma análise crítica do discurso da grande mídia em todas as fases do golpe, destacando o seu papel estratégico na construção e no processo de consumação da ação golpista.

Em seguida, a professora convidada da UFRPE, Rose Mary Fraga, explicou como o discurso da grande mídia atuou na desconstrução da imagem do governo da presidenta Dilma. Ela citou como exemplo a questão do aumento dos combustíveis.

“Na época a imagem da presidenta foi tão massacrada que algumas pessoas chegaram a colocar adesivos nos seus carros com Dilma de pernas abertas na entrada do tanque de combustível. Agora com Temer, apesar dos aumentos serem bem maiores e constantes, são tratados com imparcialidade pela grande imprensa”, observou Rose, acrescentando uma importante reflexão: não existe coincidência entre o objeto da realidade e o objeto do discurso.

O terceiro convidado, professor José Carlos Marçal, da UFRPE, fez uma retrospectiva da construção do projeto neoliberal, ainda na década de 70, e os seus desdobramentos na desconstrução da democracia popular, que foi dando espaço à democracia burguesa. “A desconstrução dos sindicatos e do poder do trabalho já começou nos anos 70”, assinalou.

Marçal salientou que o golpe de 2016 começou a ser articulado no chamado Plano de Atlanta, em 2012, quando lideranças latino-americanas de centro e de direita estiveram reunidas em um hotel na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos. O objetivo foi discutir as possibilidades de inviabilizar os governos progressistas da América Latina por meio da mídia, com acusações de corrupção, que, posteriormente, seriam convertidas em processos judiciais. Ele ainda frisou que o estopim do golpe foi a descoberta das grandes reservas de pré-sal.

O último palestrante do Encontro foi o jornalista do portal Marco Zero Conteúdo, Inácio França, que trouxe vários exemplos para evidenciar os padrões de manipulação dos fatos pela grande mídia, desde o conteúdo, passando pela escolha e tratamento das imagens. O jornalista também mostrou como funciona, na grande imprensa, a cadeia de repercussão  dos assuntos relacionados ao golpe. Inácio concluiu o debate respondendo a perguntas e destacando a importância de se investir mais na imprensa livre, sem amarras com grupos econômicos e políticos e com bases para uma política editorial cidadã.

Artigo anteriorPlantão Jurídico e Administrativo na UAST
Próximo artigo13° Encontro do Curso O Golpe de 2016 é nesta terça