Nesta quinta (9), a Aduferpe realizou a segunda roda de conversa do Ciclo de Debates “Democracia e Luta: Construindo a Universidade que Queremos”. Essa rodada discutiu sobre “O Ensino de Graduação: compromissos com uma formação acadêmica e humana”, com a participação do Prof. Clélio Santos (UPE) e a Profa. Enery Melo (UNICAP).
Clélio iniciou sua fala ressaltando que, para abordar o ensino, temos que, primeiramente, refletir sobre a carreira docente dos cerca de 300 mil professores/as que atuam no ensino superior no Brasil. Como são tratadas questões sobre condições de trabalho, diversidade na estruturação de carreiras, luta para a unificação e organização da carreira e a avaliação quantitativa por produtividade? Com isso, questiona-se a importância dada aos/as docentes que se dedicam ao ensino de graduação. E que relações são estabelecidas entre docentes e estudantes universitários, com suas histórias e demandas sociais.
Ele ainda levantou questões sobre a alocação de recursos para os projetos que envolvem o ensino de graduação e a extensão universitária, em comparação com as atividades de pesquisa. Clélio finalizou sua fala com alerta sobre um apagão docente, situação que vem surgindo pela desvalorização da docência enquanto profissão.
A Profa. Enery ampliou o debate com a pergunta: O que é a Universidade? Ela apontou para uma perspectiva de sermos uma comunidade científica para formação humana, que não cabe no modelo de ensino empresarial, modelo este que produz um ensino de baixa qualidade e vem sendo imposto às nossas instituições.
Nessa linha, ressalta-se o conhecimento como um bem-comum que deve estar voltado para o engrandecimento do país, do seu povo e sob os cuidados (e financiamento) do Estado. O debate lembrou os impactos causados pela pandemia nas atividades de ensino, como o retorno ao modo presencial, quando ficou evidenciada uma carência por espaços de acolhimento, convivência e aproximação com a realidade dos/das estudantes, com estratégias voltadas para uma dimensão coletiva e não individualista da formação acadêmica e humana.
Nesse sentido, a professora lembrou que a universidade precisa de espaços específicos para promover essa formação mais ampla. Reforçou a importância do trabalho docente e a necessidade de apoio e condições para o exercício pleno dessas atividades de ensino, pesquisa e extensão, como instâncias indissociáveis.
Enery finalizou a sua fala propondo que sejam discutidas proposições vindas dos fóruns nacionais de luta pela qualidade da educação e do ensino, a partir de questões sobre que identidade a formação acadêmica proporciona para os nossos estudantes? A essas questões se seguiu um rico debate entre palestrantes e o público presente.
Depois de mais um debate muito produtivo, a Aduferpe lembra à comunidade acadêmica da UFRPE que é importante fazer sua contribuição ao documento final, que será entregue às chapas candidatas à Reitoria, por meio do nosso formulário disponível no botão abaixo.