Alunos/as e professores/as da UFRPE lotaram o auditório da Aduferpe na noite dessa quinta-feira (10) para debater e exigir a revogação do Novo Ensino Médio – NEM. A ação fez parte dos atos e manifestações realizados nesta semana, em todo país, em defesa da educação pública e pela revogação do NEM.
A mesa de debate foi composta por Romerito Arcoverde, do Codai UFRPE e dirigente da Aduferpe, Jadilson Almeida, do Fórum das Licenciaturas da UFRPE, e Clara Maria, presidenta da UEP/Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE. A mediação foi do vice-presidente da Aduferpe, Uiran Gebara.
Foram duas horas de intenso debate, quando se colocou desde a forma como o Novo Ensino Médio foi construído e aprovado, sem nenhum diálogo com alunos, professores, especialistas e sociedade. A proposta do NEM foi sancionada em 2017 pelo governo do golpista Temer e começou a ser implantada, em 2022, nas escolas de todo o Brasil.
De acordo com a diretora de Formação Sindical da Aduferpe, Erika Suruagy, um dos principais danos do NEM é o seu caráter elitista, que retira possibilidades e direitos dos filhos da classe trabalhadora de concorrerem em pé de igualdade com os alunos das escolas privadas para chegar à universidade. “Nós queremos uma universidade pública que todos possam ter acesso”, afirmou.
Um dos elementos que torna essa reforma ainda mais desigual diz respeito à aplicação dos chamados itinerários formativos, que prejudicam, principalmente, os alunos das escolas que estão localizadas em pequenas cidades ou em bairros periféricos. Também afeta os estudantes das escolas indígenas, quilombolas e rurais. Segundo Jadilson Almeida, mais de 50% das cidades brasileiras só têm uma escola de ensino médio, o que deixa os alunos sem escolhas. “Como vão ter opções para escolher o itinerário?”, destacou Jadilson.
Tanto os integrantes da mesa quanto o público presente, que se expressou diversas falas, concordam que o NEM aprofunda a desigualdade porque determinou um teto máximo de horas para formação básica para que o aluno possa ingressar em curso superior. Com isso, horas que poderiam ser destinadas a disciplinas consideradas essenciais como matemática, português, história e geografia, estão sendo retiradas para a aplicação dos itinerários, que podem variar conforme a capacidade da escola.
Para Romerito Arcoverde, o NEM é um grande retrocesso. “É um tipo de ensino que não provoca a reflexão do aluno, não problematiza questões que são fundamentais para o seu desenvolvimento. Só enxerga o lado técnico”.
Clara Maria afirmou esse debate é prioridade para o movimento estudantil, que recai diretamente em algo que se combate todos os dias: a desigualdade no acesso a universidade. A estudante parabenizou a Aduferpe pelo momento tão importante, de reunir professores/as e estudante na defesa da educação pública. E sugeriu outros momentos como esse para fortalecer a luta e resistência.
NEM. Nem pensar!