A nova etapa do genocídio do povo palestino pelo estado de Israel, que completa dois anos no próximo dia 7 de outubro, foi tema de um grande debate promovido pela Aduferpe na noite desta sexta-feira, dia 3, no auditório do Sintepe, parceiro da iniciativa. Com o auditório quase lotado, o debate trouxe ao Recife o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, e o historiador e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Pedro Vasconcellos. Também participou o advogado, ativista dos direitos humanos e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Manoel Moraes, e a antropóloga e psicanalista Vânia Fialho, UPFE, como mediadora.
Ualid Rabah trouxe os números mais recentes da matança, incluindo comparativos com outras guerras. Ele comprovou que o mundo assiste ao primeiro genocídio em tempo real. Entre os dados apresentados, um dos mais estarrecedores é o número de crianças mortas em Gaza, que ultrapassa 10 mil extermínios por milhão de habitantes. “Não há extermínio nessa escala na história da raça humana”, enfatizou o presidente da Fepal.
Gaza também conta com o maior extermínio de mulheres da história, numa guerra por genocídio. Além dos bombardeios, elas sofrem com o aumento de abortos espontâneos, de partos prematuros e de mortalidade materna. “Há de se ressaltar que a fome, como arma de guerra, está deixando um rastro de morte superior a 120 pessoas por dia. É importante frisar que não se trata de uma guerra convencional, entre dois países. Essa é uma guerra de extermínio, praticado por um só lado. Mais de 80 mil toneladas de explosivos já foram lançados sobre a cidade de Gaza, o que representa seis vezes a potência destrutiva da bomba atômica em Hiroshima”, apontou Ualid.
O historiador Pedro Vasconcellos analisou o processo histórico de consolidação do sionismo e da política de desterritorialização e invisibilização do povo palestino desde o XIX. Por fim, afirmou que a questão da Palestina representa uma ruptura, um marco divisor do nosso tempo. “É uma antecipação do que pode vir pela frente. “A depender do destino da Palestina e do seu povo, podemos vislumbrar o que ainda vem pela frente, em outros recantos do mundo”.
O professor Manoel Moraes lembrou que não se pode “naturalizar o genocídio”, como a grande imprensa vem fazendo. “O que assistimos agora não é uma produção de dois anos, mas uma política de sistemática de limpeza e apagamento, que ganha nesses dois anos sua face mais horrenda”, afirmou Moraes.
Ao final, os debatedores responderam perguntas da plateia, que contou com lideranças sindicais e políticas, além dos representantes de movimentos sociais. Todos apoiando a luta por uma “Palestina livre, do rio ao mar”, como entoou o público em vários momentos do encontro.























