Há 93 anos, as mulheres conquistaram o direito ao voto no Brasil, graças à luta da alagoana Almerinda Farias Gama (1899–1999), advogada, jornalista, poetisa, sindicalista e política negra – seria uma das 1ᵃˢ mulheres a votar, no ano seguinte à lei.
Mas somente em 1965, a igualdade de direitos no voto foi consolidada ao se tornar obrigatória. Desde então, avanços ocorreram de forma lenta e com pouca representação, apesar de as mulheres constituírem a maioria da população brasileira, 51,8%, e também do eleitorado brasileiro, que é composto por 52% de mulheres.
Para se ter uma ideia dessa baixa representatividade, apenas 33% dos candidatos, em média, são mulheres, quase o equivalente à cota mínima de 30%, estabelecida em lei. Quando se trata de eleitas, o percentual é ainda menor: 15%.
No Congresso Nacional, ocupam somente 18% das vagas, com 91 assentos de um total de 594. Segundo a ONU Mulheres, nenhum dos 189 países — incluindo o Brasil — signatários do Acordo de Pequim (1995), que prevê igualdade entre homens e mulheres, conseguiu, até agora, acabar o problema.
Outra questão muito relevante é: onde estão as mulheres negras na política brasileira?
Afinal, elas constituem a maioria da população. Na última eleição (2022) para a Câmara dos Deputados, elas conquistaram, apenas, 5,7% das vagas. Já para o Senado, a representatividade foi de 0,0%.