SENADO/LIVE CONTRA MORDAÇA NA EDUCAÇÃO

É PRECISO REAGIR À PERSEGUIÇÃO DE PROFESSORES: COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO SENADO PROMOVE LIVE CONTRA MORDAÇA NA EDUCAÇÃO

Na manhã desta sexta-feira (12), a Comissão de Direitos Humanos do Senado, presidida pelo senador Humberto Costa (PE), reuniu lideranças políticas, jurídicas, sindicais e universitárias para dizerem ‘Não à Mordaça na Educação’. Humberto começou a live denunciando a política de perseguição às universidades pelo governo Bolsonaro, dando como exemplo os recentes inquéritos intimidatórios contra a professora Erika Suruagy, da UFRPE, e o professor Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas – UFPEL.

O primeiro a falar foi o senador Fabiano Contarato (ES), vice-presidente da Comissão e um dos propositores da live, que salientou os cortes na Educação, ‘com enormes prejuízos aos bolsistas e às pesquisas científicas’. Contarato lembrou que Bolsonaro ‘aumentou o orçamento militar em mais de 20%, quase o mesmo valor que cortou nas verbas da Educação’. O senador Humberto Costa condenou o presidente por ‘tentar intimidar a Aduferpe, por conta de outdoors que só diziam a verdade’. E arrematou afirmando que ‘o presidente Bolsonaro é, de fato, o senhor da morte – pois os números agora confirmam isso’.

A vice-presidenta da Aduferpe, professora Erika Suruagy, declarou que ‘estamos aqui por defendermos a vida – e também por lutarmos contra a censura, a perseguição a servidores públicos, a cientistas e artistas’. Erika esclareceu que prestou seu depoimento à Polícia Federal, declarando ‘não ter atacado a honra, nem injuriado o presidente, mas, apenas, evidenciado seu governo pela péssima gestão nessa pandemia. A Universidade não pode se calar, quando se trata de defender a vida’.

Já o professor e ex-reitor da UFpel, Pedro Hallal, também perseguido por ação do Governo Bolsonaro, disse que ‘o Brasil precisa frear as iniciativas autoritárias’. E assinalou um fato chocante: ‘dessas 260 mil mortes na pandemia, 200 mil bem poderiam ter sido evitadas – não fosse a gestão federal da Saúde um fracasso’. O professor afirmou que, ‘se tivesse ficado na média mundial’, nosso país não teria alcançado ‘esses 20% das mortes por Covid no mundo’. Hallal, que também é Epidemiologista, terminou sua participação lembrando que ‘chegou a hora de romper esse silêncio ensurdecedor ante a ascensão do fascismo’.

Em sua fala, o professor Milton Brandão, presidente do Proifes, comentou a perseguição – na verdade, a intervenção – do governo federal nas universidades públicas, ‘não respeitando a decisão das comunidades acadêmicas nas eleições para reitor. Dos 29 reitores nomeados por Bolsonaro, 16 não foram eleitos, uma afronta à autonomia universitária garantida pela Constituição’.

O ex-ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff, professor da UnB Eugênio Aragão, lembrou que o presidente Bolsonaro ‘conseguiu se eleger usando uma linguagem inaceitável nos parâmetros da democracia’ e que agora estamos sob ‘um típico governo fascista, que não respeita a autonomia universitária, censurando a divulgação do pensamento’. Aragão considera a convocação de professores para ‘depor ao que chamam inteligência policial é um absurdo’. Para o jurista, ‘isso é inconstitucional e abusivo – agora, só falta mandarem queimar os livros, na frente das bibliotecas universitárias’.

Ao final da live, a professora Erika Suruagy evocou ‘as lutas que nos levaram à liberdade de cátedra’, e disse que ‘choveu solidariedade à nossa causa’. No entanto, segundo ela, ‘só a solidariedade não basta, é preciso reagir a essa perseguição aos professores e dirigentes sindicais, é preciso enfrentar quem rasga a Constituição para instaurar processos sem amparo legal’.

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